Sunday, October 22, 2006
leituraereflexao
Atividade8
Resumoanalitico
Título:
Saberes, Tempo de Aprendizagem do trabalho do Magistério
Autores:
Maurice Tardif
Danielle Raymond
Dados:
Educação e Sociedade
Campinas:CEDES
V. 21, nº 73, Dez 2000
Palavras-chaves:
Professores, magistério, tempo, saberes, trabalho docente.
Temática principal:
Este texto analisa as relações do tempo, do trabalho e da aprendizagem dos professores. Ele está dividido em três partes: como estudo destas relações servirão para compreender melhor a natureza dos saberes dos professores, o estudo da influência da história de vida, da aprendizagem pré-profissional do trabalho e da carreira dos professores sobre seus saberes e a reflexão sobre estas relações entre o tempo e os saberes profissionais.
Conclusões do autor:
O tempo é um fator importante na edificação dos saberes.
Baseado nas pesquisas de Raymond et al.(1993) e Lessard e Tardif(1996, 1999) afirma-se que os saberes dos professores eram plurais mas também temporais. Estes saberes são adquiridos por processos de aprendizagem e de socialização levando-se em conta a história de vida e a carreira de cada um.
Os fundamentos do saber-ensinar não se reduzem a um “sistema cognitivo”, eles são existenciais, sociais e pragmáticos.
Existenciais no sentido de experiência de vida emocional, afetiva, pessoal e interpessoal com comprometimento por sua própria história.
A cognição do professor é um processo discursivo e narrativo (Elbaz, 1993, Carter, 1993) enraizado na sua história portadora de sentidos, de linguagens, de significados oriundos de experiências formadoras e significativas do ponto de vista da identidade pessoal.
Sociais na medida que são plurais, oriundos de fontes sociais diversos e adquiridos em tempos sociais diferentes. Em certos casos são produzidos e legitimados por grupos sociais.
A consciência profissional do professor é marcada por processos de avaliação e de crítica.
Os critérios de legitimação ou invalidação desses saberes produzidos conforme os grupos sociais deveriam ser abordados por pesquisas mais profundas.
Pragmáticos pois estão ligados às funções dos professores. Trata-se de saberes práticos ou operativos e normativos.
A cognição do professor é condicionada por sua atividade.
“Ela está a serviço da ação.”
São saberes interativos, mobilizados e modelados no âmbito de interações entre o professor e os outros.
Essa tripla caracterização demonstra a dimensão temporal dos saberes e como são eles mesmos temporais, pois são abertos, porosos, permeáveis e incorporam experiências novas, conhecimentos adquiridos em pleno processo. Um saber-fazer remodelado em função das mudanças de prática, de situações de trabalho.
A experiência do trabalho docente exige um domínio cognitivo e instrumental da função, uma socialização e vivência profissional, onde entram em jogo elementos emocionais, relacionados e simbólicos que permitem que um indivíduo se considere e viva como um professor, assumindo o fato de fazer carreira no magistério.
O tempo, então, é um dado objetivo caracterizado por durações administrativas de horas ou anos de trabalho e é, também, um dado subjetivo contribuindo para modelar a identidade do trabalhador.
Depois de um certo tempo da vida profissional e de carreira o eu pessoal no universo de trabalho vai transformando-se no eu profissional.
Com a experiência do passar do tempo adquire-se um certo domínio do trabalho e um certo conhecimento de si mesmo.
Discuta as idéias do autor a partir de suas experiências pessoais:
Em 1975, estava eu com meus 15 anos. Era um tempo mais calmo, mais tranqüilo, menos assustador, menos violento. Estava então ingrssando em um curso de profissionalização onde não tinha a menor noção dos caminhos que viriam.
Relembrando percebo que não tinha maturidade nem consciência da importância do curso.
Depois deparei-me com uma turma de 1ª série para estagiar uma escola particular. Lembro-me bem da primeira visita da supervisão, dos testes de leitura dos meus alunos, do meu desempenho voltado ao planejamento, da minha pouca habilidade em resolver os problemas.
Quando me formei fiz concurso para trabalhar em Novo Hamburgo. Trabalhei 2 anos em uma escola em que funcionavam apenas 4 turmas: 2 de manhã e 2 de tarde. Então conheci os piolhos e a sarna, a desnutrição e a morte por infecção ocasionada por “bicho-de-pé”.
Foi o choque com a realidade.
Fui fazendo a minha escola, baseada nas experiências adquiridas com o tempo.
Tive chances de conhecer e trabalhar com pessoas maravilhosas, como o professor Sarlet: um gênio louco ou um louco genial, que lutou e ainda luta pela educação com nobreza, com saber-fazer, com dedicação, com mangas arregaçadas, com fé nos sonhos, com luta e garra. Ele, por si só, já é uma lição de vida.
Cresci muito durante o tempo em que tive a oportunidade de trabalhar sob orientação deste grandioso mestre. Talvez meio incompreendido.
Sempre fui atrás das coisas que queria. Esta maneira de ser me fez buscar caminhos diferentes. Experimentar novos métodos. Alfabetizar por diferentes maneiras. Ler muito. Não parar de estudar, mesmo que aleatoriamente.
Então, por tudo isso, enquanto lia o texto, pude constatar que ele retrata o que acontece com os professores, baseado na minha própria experiência.
Tenho ainda muito que aprender e buscar.
E o que já faz parte do meu saber-fazer veio a mim com o passar do tempo na minha vivência e interação com os outros, nos meus erros e acertos do cotidiano, na minha prática docente e daquilo que tinha na minha bagagem pessoal.
Arrisco-me a analisar o texto refletindo como, em tudo que se aprende na vida, estas relações apresentadas podem ser usadas. E também nas outras profissões. Nada é estanque. Ainda mais com os avanços tecnológicos, as descobertas grandiosas do mundo científico, os questionamentos dos saberes, vamos mudando nossos caminhos e aprendendo e reaprendendo a viver,
Já aventurando-me a filosofar, a vida é este constante aprendizado onde o tempo nos ajuda a refletir, a mudar, baseando-se nas experiências adquiridas e interagindo com os outro e com seus saberes.
“É preciso estar atento e forte.”
Atento para não perder o barco aproveitando e usando o que de bom vamos aprendendo. E forte para não perder o rumo.
Saber ter o mesmo olhar para coisas diferentes e olhares diferentes para as mesmas coisas.
Afinal....viver é tão simples....
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